SOBRE…querer falar e não conseguir!

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Lembro a primeira vez que percebi o quão difícil era para mim expressar meus sentimentos, vontades e desejos ou simplesmente falar em público ou com pessoas estranhas em voz alta. Eu tinha próximo dos meus 14 anos e de lá para cá, pelo menos ao que diz respeito a ambientes com mais de 10 pessoas, pouco mudou.

Se você me falar que preciso apresentar um trabalho acadêmico…pode esperar eu começar a ansiar a p* daquele momento em diante. No dia da apresentação, o mundo se torna um ponto, é ler, reler, treinar, respiração acelerada, começar a suar e simplesmente esperar que o professor desista de pedir para fazer apresentação. Ansiedade? Prazer, sou eu.

Por sua vez, escrever sempre foi algo que eu consegui fazer, nem sempre bem (jamais vou ser Sra. Da Gramática), mas na medida do possível é algo que consigo desenrolar melhor. Analisar o discurso do Bush pós-onze de setembro e escrever um trabalho de 100 páginas relacionando ele ao terrorismo? Claro. Dissecar o termo má-fé e entender como ela se encaixa no Direito Brasileiro? Fechou. Colocar minha opinião sobre um assunto qualquer no Facebook? Para o ônibus que eu quero descer aqui mesmo!

Comecei a reparar que meu problema não estava ligado ao que eu escrevia ou falava, mas ao que eu achava que as pessoas iriam compreender. Se elas iam ou não gostar daquilo, ou se eu criaria algum atrito com alguém. Demorei um tempo, mas cheguei a raiz do meu problema: não consigo conviver com pessoas que tenham algum problema comigo, ou melhor, não gosto de desagradar ninguém. A maioria iria me considerar uma puxa-saco por conta disso, a verdade é que odeio situações conflitantes.

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Sabe o que é mais óbvio disso tudo? É que não temos poder algum sobre quem gosta da gente; como alguém vai nos entender ou como as pessoas vão se sentir com nossas palavras. Nós não temos poder sobre os sentimentos, vivências, ideias, ideais e influencias que as pessoas têm (pelo menos quando pensamos no mundo sem direcionamento de ideias, lavagens cerebrais e etc, mas isso é assunto para outra hora).

Todo dia vejo gente que simplesmente não aceita opinião e/ou a vida alheia. Vai na academia todo dia? Bombadinho. É gordo? Não se cuida. Só estuda? Vagabundo. Só trabalha? Workaholic. Reclama de algo? Vítima. Não fala nada da vida? Fechado. Gosta de sertanejo? Pelo Amor. Gosta de Rock? Só barulho. Gosta de usar roupa fechada/preta? Depressiva. Gosta de decote/roupa curta? Puta. Fulano tem brinco? Bicha. Fulano tem tatuagem? Maloqueiro. E paremos por aqui, porque senão vai mais uma página.

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No final a gente entende o simples: ninguém está satisfeito e opinião/gosto é igual c* cada um tem o seu. Não dá para simplesmente fazer alguém gostar da sua opinião ou compreender seus sentimentos ou simplesmente te escutar quando você quer explicar alguma coisa. Elas vão retirar o que quiserem do que você disse e na maioria das vezes, nem vão tentar conversar com você para entender o que você quer dizer. Elas simplesmente vão assumir.

Em um mundo no qual é cada dia mais fácil se esconder por trás de um perfil; cada vez mais rápido ler sobre algo e achar que somos experts nisso ou naquilo; se torna cada dia mais difícil aprender um pouco sobre a visão do outro ou ter o mínimo de empatia com o sentimento alheio. Ninguém tem que gostar do que você gosta ou ao menos de você. No final o que falta é respeito, puro e simples. Afinal, nem sempre por ser de um modo, você tem que criticar o que a outra pessoa é, faz ou gosta, ou acreditar que por ser diferente, o outro é seu inimigo.

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Relendo meu início parece que eu me desviei demais do assunto, um corretor de redação do ENEM poderia, com toda certeza, me dar um lindo e redondo zero por desviar da temática. Todo esse assunto é simplesmente para dizer o seguinte: ficar quieto não adianta. Isso só te faz cada dia mais ansioso, sem contar que mais hora menos hora vão achar algo para te jogar na cara ou te criticar. Então, não tente agradar todo mundo, é impossível. Só aceita, colega.

Este blog (Ninguém esperava por essa hein?), com este nome (algumas pessoas vão pirar ao verem), surge 25% como uma forma de expressão de ideias, valores e discussão e 75% como forma de autoajuda.  Eu só quero “aprender” a falar.  E você? Quantas vezes já deixou de falar algo por medo do que os outros iam pensar? Já te chamaram de barraqueiro, bocudo ou simplesmente disseram para você parar de se meter na vida delas por uma opinião expressada?

‘Tá falado gente! Até a próxima.

Maga